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Mães de Maio do Nordeste

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O meu nome é Rute Fiúza e eu já conhecia o movimento Mães de Maio, de São Paulo, que é um movimento conhecido no Brasil todo e talvez até no mundo, em alguns lugares que eu estive com as Mães de Maio, como na Colômbia, nos Estados Unidos, em outros lugares com elas, num convite direto para as Mães de Maio. Quando eu estive no Rio de Janeiro, em 2014, 2015, eu conheci pessoalmente a Débora e ela me pediu que eu fosse a voz dos desaparecimentos forçados no Brasil. Aquilo ficou na minha mente porque eu fui falar sobre desaparecimentos forçados, já que eu sou mãe de um desaparecido forçado da democracia. Em 2018, eu oficializei definitivamente o movimento independente Mães de Maio do Nordeste, aonde nós temos mães, aqui em Salvador, de desaparecidos forçados e, desse período em diante tem chegado mães não só de desaparecimentos, mas também mães da violência do Estado. Nós estamos nessa luta já com esse movimento aqui há dois anos. A nossa luta é para que os nossos jovens consigam sobreviver a esse sistema, que tem uma estrutura de perseguição, de tortura, de morte aos jovens, aos jovens periféricos, aos jovens negros e também não só jovens, porque nós temos pessoas também já de uma idade acima de trinta e cinco anos que também é desaparecido. E assim iniciou esse trabalho, um trabalho iniciado pela dor, mas que nós colocamos a nossa dor como forma de luta, porque só a luta nos alimenta, a luta por justiça, por memória e o conforto dos familiares, confortando uns aos outros. E o nosso principal alvo é dar voz as mães, aos familiares de vítimas do Estado e também compartilhar carinho e afeto com essas famílias já que a dor continua sendo algo muito forte para cada uma delas e para cada um deles, para os que ficam. O nosso principal motivo de continuarmos de pé é justamente essas pessoas. E para que esses jovens não tenham o mesmo destino que os nossos filhos e por isso nós fazemos palestras em escolas, em universidades, nós fazemos palestra em bairros populares, em associações, explicando sobre o Estado racista, falando sobre racismo, sobre ditadura, sobre democracia e orientando os nossos jovens sobre a forma que eles são vistos pela sociedade. É isso.

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